domingo, 10 de abril de 2011

ele&ela



Não foi ocasional, mas também não houve premeditação. Ambos tinham muita coisa e comum, não por menos, Ele,  um lunático , Ela, uma sonhadora , compartilhavam entre si um céu de sentimentos e sentidos, entre tantos, o sabor amargo do amor , o cheiro inconveniente  da aventura , visões antológicas de um passado recente , a quente vontade de se entregar e por fim , o som da saudade badalando e ecoando em notas graves e de tom menor , que gemiam esperando o fim daquela vibração imprevisível. Havia um sentimento envolvido e mais alguma coisa que cheirava canela e sanava os piores devaneios. Tão jovens, sabiam exatamente o que quão e quando queriam. Não  gostavam de regras. Ele .. o perfeccionista e construtor , construía os sentidos enquanto ela , sabia e detalhista , os dava cor , sentido e razão...Mas a  razão? a razão simplesmente esquivou-se e deixou que o prazer queimasse e fizesse doer, dava pra sentir na carne e na alma o sabor da melhor dor que existia. Pela madrugada ele vestia o traje listrado e ia roubar o sono dela com mensagens recheadas de belas palavras, recompensando o próprio adorno.  Era quase um ritual, se veneravam... A se não fosse a distancia. Não é fácil fazer algo triste parecer belo , mas como próprio Tom Jobim já bem disse " um grande amor só grande quando é triste" ..essa não fugia ao caso, ainda mais quando certas noites vinham acompanhadas de sonhos tristes que mais pareciam pesadelos bonitos...
Ela não escolheu, ele disse que talvez fosse inapropriado, mas o destino gritava que nada seria racionalizado e que o comando não se aplicava a eles ou as suas escolhas e sim ao  inevitável. Eles não poderiam evitar algo que ia além do livre arbítrio, então simplesmente se afundaram naquilo, forçaram, desequilibraram, impulsionaram, consumiram-se, exageraram, se frustraram se desgastaram e gastaram tudo que possuíam e ainda fizeram empréstimos, depois buscaram definir tudo aquilo em um único nome, sutil e leve com um peso subliminar em cada gesto e conseqüência, o definiram então como amor. Nessa altura do jogo.. Coração mais bate do que apanha, a necessidade de se encontrarem os consomem num ritmo descompassado e assustador, eles sentem mais do que pensam e já de engate evitam mesmo pensar aquilo que os consomem, e no ringue sempre vão a knockout e quando o coração cospe sangue a platéia delira. Que o infinito perdure então.

Jade Medeiros e Osvando Goullart .

poor boy


Ele gritou quando sentiu realmente suas intenções e viu que se enganara a respeito da ingênua moça de cabelos castanhos e olhar doce o tempo inteiro. Queria ele que esse tempo fosse delimitado a apenas alguns equívocos de expressões  mas se estendia a ele todo, todo o tempo que estiveram juntos. Ela possuía sim um coração, mas que não tinha muitas outras utilidades além de bombear o sangue quente que ofegava em suas veias, verdes e grossas.
Ele grunhiu de raiva, como se isso fosse assustar a moça sem sentimentos. Ela sorria, provida de um leve sarcasmo que nunca a abandonava.
O rapaz quis segura-la  em suas mãos e usar de força para fazê-la  se explicar, era só isso que ele queria uma razão, um motivo plausível que fosse para tanta maldade. Ela o usara da pior forma e não mostrava sinais de arrependimentos.E quando ele acreditou que escutaria um pedido de desculpas,que seria a única atitude digna tomada por ela naquele momento ele se enganou mais uma vez. Apenas ficou parado com as mãos fechadas engolindo seu ódio a seco  enquanto a via se afastar com seu tão conhecido sorriso uma saia jeans e um adeus sussurrado docilmente. E sem olhar para tras ou dar explicações com ar de quem sempre dominará e realmente dominava, ela pegou a estrada mais complexa em direção a ‘’felicidade’’ que sempre pareceu acompanha – lá , e sinceramente... ela não precisava do rapaz para isso, não mesmo, não precisava do frustrado e enganado rapaz.

Jade Medeiros.