sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

fire

Eu nunca consegui distinguir uma tempestade de um dia calmo, porque os dois sempre se encontravam no meio do caminho, talvez não tenha achado justa a forma como cada um era aquilatado separadamente.
Uma alma perdida que julga dois caminhos sem saber que cada um é conseqüência de um caminho anterior, uma alma perdida que acha que se encontrou há muito tempo atrás quando na verdade foi consumida pela idéia do encontro. Tão lesivo, roeu até as ultimas pontas vãs de esperanças pútridas e sanguinárias e mesmo assim a alma rebola alegre por acreditar possuir algo inexistente.
Não sabe nem dançar um tango e parte logo pro samba, arrisca por cima de mim, por cima da minha vontade que nunca joguei nem na loteria por ausência de sorte, e lá vem minha alma impelir com a minha vida, como se lá no fundo eu já não soubesse o resultado desse circo todo.
E lá vou eu concordando com ela hora ou outra só pelo prazer de jogar na cara dela que ela estava errada desde o principio realmente, mas ela já sabia disso admito, porque ela continua aqui, sambando!


Jade Medeiros.

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

blind

Absurdamente cega e farta de todo esse por do sol laranja e essa conversa de quem tem a alma boa e vive dizendo que as coisas vão melhorar e que o dia vai amanhecer mais claro e que a vida vai se transformar em uma poesia saltitante que vai nos arrastar pelas mãos.
A vida só pega leve com a gente quando ela está precisando de algum favor, ai ela vem mansa, suave, oferecendo um pedaço de bolo de morango recheado com doce leite pra todas as pobres almas necessitadas. Do contrário a única coisa que ela tem a oferecer é um beijo cínico mandado pela brecha de luz da fechadura.
Guardem o otimismo em um frasco de perfume usado e se esqueçam da suavidade porque tudo que virá será pesado, denso, irascível e intragável enquanto a vida achar que tem de ser. E não cabe a nós fazer exatamente nada, a não ser nos lamentarmos e nos dizermos infelizes pro resto mundo que é tão estragado quanto nós.
Jogue fora esse copo de boa fé e espere sentado! Porque esperar em pé cansa.


Jade Medeiros.

quinta-feira, 4 de abril de 2013

outro lado


Quando a gente não aguenta mais entre o grito meio surrado de orgulho e a voz meio rouca de uma garganta que arde a gente diz que ama mesmo, e que tem força nesse sentimento meio evasivo que destrói uma nação inteira de receio e medo.
Mordi os lábios e segurei tanto tempo o suspiro porque não devia ser assim tão intenso, não podia. Nos perdemos entre versos e rimas que tocam e deixam o estômago meio tonto e espremido. Meio ridículo e antiquado isso de ficar segurando sentimento, colocando na gaiola para que ele cante só uma vez por mês.  O que a gente faz com o vicio que encurta a vida e prolonga o momento? Embriagado,o ingênuo badalar da meia noite aperta o coração toda vez que encostamos a cabeça no travesseiro. Hostil e persistente é a lagrima crescente que suja a face limpa e engole o desejo sujo com o caminhão de esperança que a gente esconde debaixo do lençol úmido. A gente se guarda e se restaura, cura onde dói e amassa onde ainda se encontra intacto só por acreditar que é assim que se ama. E se a gente faz isso e funciona, o mundo só tem o direito de assistir porque apenas quem criou essa loucura toda entende o quanto essa dor serena pode ser bonita quando surge a lua.
Jade Medeiros

domingo, 17 de março de 2013

Dance


A vida não é essa fantasia toda não. E se a gente dançar nem sempre vai ser nesse compasso agitado não, e toda essa sua expectativa que você faz questão de colar na testa ainda pedir uma assinatura presidencial embaixo é só mais uma amostra do seu eterno lamento. Quando eu penso em toda essa gente se matando por um toque superficial de uma mão desconhecida faço das tripas comida de gente leviana pra entender de onde vem toda essa nossa ingenuidade substancial. Ta errado meu jovem, tudo anda mal e nem mesmo esse seu astral saltitante e essa sua alegria descabida pela sexta feira vai mudar nossa verdadeira condição. No clichê mais  cheio de senso que existe, são essas as palavras: o mundo vai mal e nós vamos mal junto com o mundo.

Jade Medeiros.

segunda-feira, 11 de março de 2013

oooh


Oh vossa ilustríssima sanidade mental
Zombaremos, faremos chacota dos menos privilegiados
Com o rei na barriga que matou a fome
Hipócrita de quem nem se acredita humano
O azul escorrendo no corpo superior
De quem se acha comandante de batalha
E se declara sábio oponente
Majestoso, com uma parcialidade cruamente
Enviesada
Honremos aqueles que mataram em vão
Porque meu Deus
Meu corpo são
Meu corpo são é
O orgulho
O orgulho da minha nação.

Jade Medeiros.

terça-feira, 5 de março de 2013

Listen


Ei cara, não vire a esquina
Não assim tão abruptamente
Senti que não era ouvida quando
Minha voz pousava morna nos varais
Tive que mudar meu timbre
Mudei meu nome e definitivamente
Mudei o que era doce
Não mais amável
Nem afável
Meu olhar atravessa quem passa
E quem se interessa
Escuta, olha com receio e receia devagar
Porque a voz rouca de quem é descida
Causa turbulências na partida
Mas que parta, só metade não mais me preenche.

Jade Medeiros

sexta-feira, 1 de março de 2013

hold on


 Redenção nunca foi necessária mas naquele momento era como se o mundo inteiro tivesse que se render comigo, quase uma necessidade uma mão junto a minha pra me segurar quando o caminho ficasse muito vago.

Jade Medeiros.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

aquela chama


Eu já sei o caminho de volta, só basta você fazer sinal de fogo pra gente se queimar novamente.
Jade Medeiros.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Yellow


Eu quero me esconder debaixo do meu tapete amarelo, não sei se é de medo ou de vergonha. Sinto os dois. Eu quero gritar e expor ao mundo minhas dores não sei se é por angustia ou o sentimento torto que me consome. Sinto os dois. Eu quero encontrar alguém suficientemente idiota que tire essa culpa de merda das minhas costas porque aceita-la me mataria voluntariamente antes que eu pensasse duas vezes. Eu quero perdoar o mundo inteiro, para que pelo menos um pedacinho do mundo me perdoe também, sentir demasiado, dói, dói tanto que eu tiro inspiração da tristeza pra continuar de pé, seguindo o que antes eu chamava de vida.
Jade Medeiros.